
Fernando Malheiros
Advogado
Nestes tempos difíceis, em que governantes e grande mídia teimam em contrariar os fatos, aceitamos feito ovelhas a interpretação que lhes dão, como se eles próprios não fossem movidos por interesses em ver a realidade a seu particular modo.
Não nos rendemos às evidências no furor do pânico. Nos EUA, morrem anualmente até 50 mil pessoas de gripe comum, normalmente idosos vulneráveis e imunodeprimidos, mas jamais se pensou em parar o planeta diante dessa funesta contingência. Na Europa inteira, o número pode chegar, todos os anos, a um milhão de mortes pela mesma gripe comum que jamais nos abandonou, escondendo-se em suas múltiplas mutações genéticas.
No Brasil, morre-se menos de gripe comum (algo em torno de 20 mil a 30 mil casos anuais) do que por violência (70 mil mortes) e no trânsito (60 mil). Tampouco em algum momento se decidiu isolar todos os cidadãos em suas casas, sem trabalhar, parando justamente aquilo que nos mantém vivos: a economia.
Somente a dissociação cognitiva maiúscula pode explicar o descalabro, isso se interesses não conhecidos não tenham manipulado os fatos ao sabor de suas conveniências. Os latinos perguntavam-se: “Cui prodest?” (“Cui bono?”). A quem interessa ou beneficia? É o que devemos nos perguntar.
Assim como aconteceu no ocaso da Idade Média, finalmente a realidade se imporá. Atualmente, o cidadão médio, o pequeno empresário, o autônomo e todos os que dependem da faina diária para atender a suas necessidades imediatas começam a se rebelar no mundo inteiro. Já sabem que os governos não poderão ampará-los, mesmo que quisessem, quando sobrevier a ruína.
Àqueles que propagaram o caos por tempo indeterminado, a história reservará o mesmo destino concedido aos aloprados flagelantes da exótica e alucinada seita dos séculos 13 e 14: haverão de perder a influência e, se forem políticos, arderão nas chamas das derrotas eleitorais.