Taquariense curada da covid-19 fala sobre doença

Moradora da Boa Vista lamenta julgamentos: “Pior parte”

Fernanda Marques Chrestani com o filho, Brayan, e o marido, Rafael | Foto: Reprodução/Facebook

Primeira taquariense diagnosticada com o novo coronavírus (covid-19), Fernanda Marques Chrestani, 26, está curada da doença. Ela é moradora do bairro Boa Vista e trabalha na empresa Minuano, em Lajeado.

A jovem fez o teste em 27 de março e, desde então, estava em isolamento domiciliar com o marido, Rafael da Silva Oliveira, 23, e o filho, Brayan, 7. “Meus sintomas foram os de uma gripe normal. Por isso, achei que não estivesse com o vírus.”

Conforme Fernanda, foram 16 dias de isolamento total, sem contato com ninguém. “Foi muito difícil. Até porque tudo isso começou no fim do mês, e nós não estávamos preparados para ficar isolados. Dependíamos de favores dos outros para ter o que comer dentro de casa, já que não podíamos sair para comprar.”

A assistência recebida da Minuano durante o tratamento surpreendeu a jovem. “No dia em que realmente comecei a apresentar os sintomas, estava trabalhando. Eles se prontificaram e me mandaram para casa de táxi lá de Lajeado. Fiquei bastante surpresa com a assistência que eles me deram até hoje. Todos os dias me ligavam. O médico da empresa conversava comigo como se fosse da minha família. Ficava um tempão me explicando as coisas.”

Fernanda também cita o auxílio da Secretaria Municipal da Saúde. “Eles entravam em contato comigo para saber como eu estava e para orientar.” Mas, segundo ela, o apoio fundamental foi dado por familiares e amigos. “O difícil era quando precisávamos das coisas de comer e higienização. Ainda bem que existem família e amigos.”

Além dela, outros quatro funcionários (três mulheres e um homem) da Minuano moradores de Taquari contraíram a doença. “Uma das mulheres seria do meu turno. Estávamos sempre juntas. Desde o início, ela já havia falado para os contatos da saúde que tinha estado comigo. Mas só foram realizar o teste nela depois que apresentou os sintomas. Os outros acredito que não sejam do mesmo turno.”

Fernanda pede que as pessoas não julguem ou destratem quem estiver contaminado. “Isso está sendo a pior parte para mim. Não tive culpa de pegar essa doença, muito menos minha empresa. Muitos têm julgado de maneira errada. Cedo ou tarde, o vírus chegaria a Taquari.”

Ela defende o isolamento social. “Devemos sair de casa somente com extrema necessidade. Estamos enfrentando um momento difícil, e isso não é brincadeira nem jogada política.”