Fatos sem Fotos

A coleção de revistas que rendeu uma à la minuta no Alvi-Negro

"Com dinheiro no bolso, prometi que no Carnaval, à noite, pediria aquele prato tão cobiçado"

“Com dinheiro no bolso, prometi que no Carnaval, à noite, pediria aquele prato tão cobiçado”

LENIO CARDOSO FREGAPANI
leniogaucho@hotmail.com

Nunca me esqueço dos bailes e dos carnavais no Grêmio Recreativo Alvi-Negro (Gran) e no Clube Renascença, onde, lá pelas tantas, o estômago roncava e os mais abastados pediam bife, ovos e batatinhas fritas – bife a pé ou a cavalo (nunca entendi, até hoje, a diferença entre ambos).

Eu “mandava” um pastel baratinho, e a festa continuava. Olhava aqueles pratos montanhosos e sentia inveja. Porém, num belo dia, vendi a minha coleção completa de revistas em quadrinhos “Jujuba” e, com dinheiro no bolso, prometi que no Carnaval, à noite, pediria aquele prato tão cobiçado: comeria, finalmente, uma à la minuta.

O ágape

Na primeira “roncada”, fui para uma mesa, nos fundos do Gran, e pedi, já com água na boca, ao garçon – o Milton – que trouxesse o prato. Ele gritou para os cozinheiros: “Salta um bife a cavalo”.

Aqueles 10 minutos de espera nunca foram tão longos. Quando o Milton chegou com aquela baita bandeja soltando fumaça e fui tirar o dinheiro do bolso para pagar, ocorreu um verdadeiro enxame de mãos nas minhas batatinhas (só sobraram os palitos no prato!).

Do suculento bife, um outro “amigo” tirou um naco tão grande que só restou uma tirinha de gordura para mim. Os ovos (malpassados), eles furaram-lhe a gema, comeram-lhe as bordas (claras), e o prato ficou todo amarelinho. Aí um dos foliões pegou um pedaço de pão e passou no prato, deixando-o limpinho.

Houve um que, batendo na barriga, teve o peito de perguntar-me se a “boia” estava boa. Outro, pegando a minha Pepsi, lascou: “Estou com uma sede danada. As batatinhas estavam muito salgadas”.

Jurei que, da próxima vez, iria comer atrás da… orquestra.

Mudando de ares

Imaginei que, indo para Porto Alegre, as coisas mudariam. Ledo engano. Aos sábados, na Sociedade Irutaba, nos intervalos dos jogos de futebol de salão, todos tomavam cerveja.

Eu preferia refrigerante. Porém, quando apetecia uma cervejinha, o avanço era geral. E, se eu bobeasse, não sobraria nada. Garantia o meu copo, sabedor de que não voltaria a tomar outro.

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