Ano começa turbulento, sem inspirar otimismo

PEDRO HARRY
pedroharry.rs@gmail.com
Os problemas que cercam o Hospital São José não resultam de causas acidentalmente conectadas entre si. Não provêm do acaso. As dificuldades enfrentadas nos últimos tempos pela casa de saúde taquariense derivam, fundamentalmente, de sucessivas más gestões.
O Isev administrou a instituição por nove anos e a deixou desmantelada. Assumiu o Inapp, que não aguentou seis meses — outro fracasso. Criou-se, então, a ATS, que, a despeito da boa vontade e da dedicação de seus membros, também não tem colhido êxito na gestão do hospital. Dos três presidentes que já comandaram a entidade, dois abdicaram do cargo. Além disso, sob a gestão da ATS, a casa de saúde teve cinco diretores apenas em 2019, todos eles desligados. Agora, os contratos de duas prestadoras de serviço, uma delas responsável pelo plantão, foram rescindidos.
Insistir no argumento de que não há dinheiro, de que o estado deve mais de R$ 1 milhão para o município na área da saúde etc., etc., etc., não vai resolver nada. É óbvio que a falta de recursos constitui um problema. No entanto, a prefeitura aumentou consideravelmente o repasse mensal (cerca de R$ 380 mil mais os R$ 67 mil que deveriam ser pagos pelo Piratini) — sem o que, convém frisar, o hospital hoje estaria fechado. Mesmo que o valor não seja o ideal para a manutenção da instituição, é suficiente para que se apresentem resultados melhores à população.
O que falta, reitere-se, é uma gestão eficaz. Há que se colocar no comando quem de fato esteja preparado para enfrentar e resolver (ou ao menos atenuar) os problemas. Dificuldades que muitas vezes podem ser minimizadas acabam, por incompetência ou despreparo, maximizadas. Ademais, no caso do Hospital São José, cuja manutenção cabe à prefeitura, é preciso considerar-se a questão política, que exerce lá sua influência, nem sempre (ou quase nunca) positiva.
A situação que levou ontem à rescisão dos contratos com as empresas que cuidavam da administração e do plantão, onde pacientes chegaram a esperar por atendimento durante seis horas, representa de alguma forma um mau presságio para o ano que começa turbulento, sem inspirar otimismo. Espera-se, todavia, que as autoridades tenham discernimento e deem à instituição aquilo de que carece: uma gestão competente.
Ah, e 2020 é ano eleitoral, vale lembrar. De promessas o caro leitor seguramente está farto, mas é imprescindível que ouça/leia com atenção o que cada candidato tem a dizer e a propor em relação ao hospital, de modo que quem for eleito possa ser implacavelmente cobrado.
O difícil é que quando cobrada sobre suas promessas feitas a nossa atual gestão se esconde atrás de meias verdades e coloca-se como vítima, pois estão trabalhando com menos Cc’s dentre outros profissionais (sinal que são, em sua atividade, gastos desnecessários já que pode-se viver sem eles). Concordo que vem sendo feito um bom trabalho, porém nada além do que são pagos, com nosso dinheiro, para executarem. Ou seja, nada além de sua obrigação. Belo texto Pedro, parabéns!
CurtirCurtir