Há seis anos, Paulo Machry encarna a figura do Papai Noel em Taquari

Personagem já folclórico na cidade, o “barbudo” chama atenção por onde passa | Foto: Anna Precht
Desde 2013, durante 24 dias do mês de dezembro, Paulo Ricardo Machry, 56, exerce a função de Papai Noel. Voluntariamente, ele vai a creches, escolas, comunidades do interior e entidades de Taquari e cidades próximas, como Triunfo e Lajeado. Entrega presentes, distribui abraços e faz fotos com crianças, proporcionando-lhes momentos de alegria.
Neste ano, o primeiro dia de trabalho de Machry foi na festa de sua família, em Lajeado, e quem ganhou presentes foi ele: brinquedos e materiais escolares para serem doados nas visitas. Segundo suas contas, são mais de 70 a cada ano.
Considerando-se que, em cada local, ele costuma encontrar não menos que 50 crianças e jovens, são pelo menos 3.500 pessoas alcançadas pela magia do Natal. “Meu foco é alegrar as crianças. O mais importante é ver o sorriso e o brilho no olhar de cada uma”, afirma Paulo.
A quem pensa em contratá-lo para a noite de Natal, um aviso: esse Noel não faz visita a casas, mas abre exceção para crianças com deficiência.
Como tudo começou
A história de Machry com o Natal não é de agora. Ainda jovem, o lajeadense, neto mais velho, assumiu a função de Papai Noel das festas da família. Contudo, aquela figura que usava máscara plástica, com barba rala e olhos bem fundos, não era seu ideal de bom velhinho. “Parecia que o Papai Noel era deformado. Mesmo assim, eu gostava daquilo tudo”, conta.
No final de 1979, Paulo veio para Taquari, já que seu pai assumira a gerência do Banco Sulbrasileiro. Aqui, casou-se com Eliane e formou família, tendo dois filhos e três netos. Policial rodoviário federal aposentado há 10 anos, recebeu o título de Cidadão Taquariense em 2009. “Foi uma honra para mim. Com o reconhecimento que recebi, senti que deveria retribuir de alguma forma.”
“Papai Noel de verdade”
Passado algum tempo, Machry teve a ideia de voltar a dar vida ao Papai Noel. Só que de um modo diferente. Nada de máscara. Ele se prepara com bastante antecedência, deixando a barba e o cabelo crescerem desde abril. Em fins de novembro, vai ao salão de beleza para descolorir os fios, processo que costuma durar em torno de seis horas. “Minha barba não está branca o suficiente. Então, o produto precisa ser aplicado de duas a três vezes até que o resultado fique satisfatório.”
O cuidado com a aparência também aparece no figurino. Paulo estilizou o look do bom velhinho, adaptando-o ao clima tropical: manga curta, bermuda e nada de luvas. “No primeiro ano, até usei roupa comprida, mas o Noel vivia num suador. Então, fiz uma adaptação. As crianças nem percebem a diferença no traje. Elas notam mesmo é a barba. Mexem, puxam e, quando se certificam de que não sai, dizem: ‘O senhor é Papai Noel de verdade!’.”
Pedido via Messenger
Em tempos de redes sociais, uma menina de oito anos contatou recentemente Paulo Machry pelo Messenger, do Facebook. Ela contou que, na cartinha enviada ao Papai Noel no ano passado, havia pedido patins e toalha de banho, mas só tinha ganhado a segunda opção. “Neste ano, ela queria o patins. Disse que não importava o tamanho.”
Antes de mais nada, Machry falou com a mãe da garotinha, que garantiu o bom comportamento da filha. Por intermédio de amigos, Paulo conseguiu a doação de patins seminovos e entregará à menina na visita à escola onde ela estuda.
Recado para os adultos
O bom velhinho, que tanto aprecia a pureza dos pequenos e se motiva com a energia deles, deixa uma mensagem aos adultos. “Mesmo com as dificuldades, as pessoas devem procurar, no fundo de seus corações, aquela criança que foram um dia. Desejo também que os adultos valorizem e amem os pequenos, para que eles cresçam sabendo de seu valor, sabendo que são amados.”