Remexendo o Passado

Há 130 anos, “O Taquaryense” noticiava a proclamação da República

Regime a que Deodoro da Fonseca deu origem só foi aderido em Taquari três dias depois

Regime a que Deodoro da Fonseca deu origem só foi aderido em Taquari três dias depois

Quando o marechal Deodoro da Fonseca desembainhou a espada e proclamou a República, em 15 de novembro de 1889, estava dando origem a um regime que, a despeito de todos os percalços, há muito se consolidou e hoje tem quase o dobro da idade daquele que substituiu, a Monarquia.

Hoje, 15, completam-se 130 anos do advento da República, que, em Taquari, só teve a adesão do Legislativo municipal três dias depois. Ocorre que, como consequência da proclamação, houve alteração na composição da Câmara.

“Dois vereadores eleitos em 1886 e empossados em 1887, Pedro Michel e Israel Rodrigues Bizarro, em vista de serem conservadores, não aceitaram dar quórum para o funcionamento do parlamento em sessão que analisaria o novo regime. Então, foi convocado o suplente Jacob Arnt”, explica o historiador João Paulo da Fontoura, autor de “São José de Tebiquary: um Jorro de Luz sobre o Passado do Município de Taquari”, lançado no último mês.

Com a nova composição concertada entre seus represenantes, o Legislativo declarou em 18 de novembro, durante sessão convocada pelo presidente da Casa, José Porfírio da Costa, sua adesão à República. Em telegramas dirigidos ao marechal Deodoro, chefe do governo provisório, e ao Visconde de Pelotas, governador político do Rio Grande do Sul, os vereadores taquarienses saudavam o novo regime. 

“Em 20 de novembro, o governador do Estado, indicado pelos republicanos revolucionários, confirmou a nomeação da junta governativa para a administração republicana do município de Taquari, ficando esta sob a presidência de José Porfírio”, conta João Paulo.

Em 1º de janeiro de 1890, Taquari entrava na Nova República com uma população de 11.103 habitantes, conforme o historiador relata na obra recentemente lançada.

“O Taquaryense” noticiou a proclamação

Fundado dois anos antes, “O Taquaryense” noticiou o surgimento da República na edição que circulou cinco dias após a adoção do regime. Três das cinco colunas da primeira página foram dedicadas ao registro do fato.

Lia-se: “[…] acaba de operar-se uma mudança radical no sistema de governo do Brasil: o advento, inesperado, da República. As circunstâncias que precederam a esse notável acontecimento, ou por outra, a causa que o apressou é por enquanto desconhecida entre nós. […] O novo governo promete respeitar todos os compromissos nacionais contraídos durante o regime anterior. Isso nos garante a efetividade dos dois grandes melhoramentos pelos quais os taquarienses tanto se hão esforçado: a estrada de ferro e a Escola Agrícola […]. ‘O Taquaryense’ faz votos pela prosperidade dos Estados Unidos do Brasil”.

Na terceira página da mesma edição, o jornal do republicano Albertino Saraiva trouxe o decreto assinado pelo chefe do governo provisório, Deodoro da Fonseca, e pelos ministros Aristides Lobo, Ruy Barbosa, Quintino Bocayuva, Benjamin Constant e Eduardo Wandenkolk.

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