Especial

Professoras compartilham saberes para além da sala de aula

Jovens lançam mão de plataformas digitais para alcançar conhecimento ao público

Jovens lançam mão de plataformas digitais para levar conhecimento ao público

Lisiê Aguiar da Costa Leite, 20, leciona 40h com crianças do maternal na creche Vó Laura. Em 2016, formou-se no magistério e, no ano seguinte, assumiu sua primeira turma. Agora, está concluindo a graduação em pedagogia. Ela também cursa jornalismo, outra paixão.

Filha e sobrinha de professoras, Lisiê demonstrou, desde muito cedo, vontade de dar aulas. “Tenho fotos minhas lendo para os ursos. Um quadrinho de giz, que usava quando criança, guardo até hoje.”

Movida pelo desejo de compartilhar o trabalho que realiza em sala de aula, criou um perfil no Instagram em abril deste ano. O “@professoralisie_” conta hoje com expressivos oito mil seguidores. Para ajudar outras colegas, trocar informações e dividir experiências, divulga o perfil em grupos de professores no Facebook e participa da rede Compartilhando Amor. “Invisto para levar atividades diferentes às crianças, e é encantador acompanhar a evolução de cada uma. Procuro fazer a diferença na vida das pessoas e acredito que nós podemos mudar o mundo.”

Em suas publicações, Lisiê apresenta atividades variadas — projetos, jogos, painéis — a inspirar educadores de todo o país. “Gosto de ler comentários de pessoas dizendo que adoram ver meu trabalho. Quando alguém faz uma atividade e me marca, fico muito feliz. Esse reconhecimento é muito gratificante, me anima a fazer coisas mais criativas ainda.”

Além de programar três postagens por semana, Lisiê publica stories diários, nos quais mostra o planejamento da semana, posta vídeos, faz pesquisas e indica perfis. Algumas publicações têm um alcance superior a 20 mil pessoas, como a de um peixe feito com copos plásticos. Atividades para imprimir costumam fazer sucesso, razão pela qual a professora disponibiliza os arquivos para download no blog Professora Lisiê.

O dia a dia da jovem é repleto de tarefas e, para dar conta de tudo — duas faculdades, escola, Instagram, família, vida social —, a chave é a organização. “Planejo tudo com antecedência. Divido bem meu tempo para conseguir fazer tudo bem feito.”

E é no fazer bem feito que Lisiê aposta para ficar marcada na vida de seus alunos. “Me lembro até hoje de algumas professoras que foram especiais em minha caminhada. Por isso, gosto de proporcionar coisas diferentes para que eles se lembrem de mim para sempre.”

***

O fascínio pela língua inglesa e o gosto pela leitura, desde os primeiros anos, tornaram natural a escolha da profissão de Thaís Silva Martins, 28.

Graduada em letras/inglês, ela dá aulas para alunos do 6º ao 9º anos das escolas municipais La Salle e Emilio Schenk. “Minha família sempre me incentivou. Minha avó paterna, Dalva Machado, também era professora, e minha avó materna, Albertina Rodrigues, me deu o livro ‘Tesouro de Contos de Fadas’, quando eu tinha sete anos. Ele é meu primeiro registro de leitura.”

Thaís estima que já tenha lido 300 livros até hoje. Em sua casa, há cerca de 500 obras. “A leitura pode ser uma válvula de escape. São tantos os mundos que conhecemos.”

Seu gênero predileto é o suspense, e os escritores favoritos são Stephen King (com destaque para a trilogia “Mr. Mercedes”) e o brasileiro Raphael Montes. “Tenho minhas preferências, mas gosto de ler de tudo. Defendo que não existe livro ruim, há leitores que não estão preparados para aquela obra naquele momento.”

Leitora voraz e espectadora de canais com temática literária no YouTube, Thaís teve a ideia de criar seu próprio espaço de fala. Foi então que, em 2017, ano no qual leu 59 livros, ela publicou o primeiro vídeo em seu canal, chamado “Professora Literária”. “É uma forma de registrar as leituras que faço e de lembrar as histórias.”

Hoje, são mais de 100 vídeos publicados e quase 800 pessoas inscritas. “Posto dois vídeos na semana. Eles têm, em média, seis minutos. Nesse tempo, faço resenhas e também abordo assuntos gerais.” Ela faz tudo sozinha: grava, edita e divulga no Facebook. “Eu não ganho nada com isso, faço por amor mesmo. Meu vídeo mais assistido tem 600 visualizações. Fico feliz com os comentários de quem assiste. Esses dias, recebi uma mensagem de Portugal.”

Se o dia a dia é muitas vezes cansativo e a profissão parece desvalorizada, o encanto de lecionar está nos detalhes. Buscando ser próxima de seus alunos, Thaís tenta colocar significado na aprendizagem deles. “Quando dizem que não vão usar o conteúdo fora dali, procuro mostrar que o mundo é muito maior do que aquilo que eles veem. E, no momento em que toco um jovem com o que ensino, isso faz valer a pena minha escolha. É como uma corrente do bem”. Thaís pensa em escrever futuramente um livro de memórias.

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