Artigo

(Tio) Plínio Saraiva

"Nossa redação transpirava história, e nossa velha Marinoni, quando acionada, arrepiava!"

Davi Saraiva Schaffer

O ano de 1992 assinalou o início de minha participação como colaborador em “O Taquaryense”. Gostando muito da “escrita”, lembro que procurei tio Plínio na redação. Era uma tarde chuvosa de terça-feira. Como sempre nutri profunda admiração por aquele querido tio-bisavô, não tive rodeios: “Oi, tio Plínio! Tudo bem com o senhor? Pois é. Tio, eu queria saber da possibilidade de escrever para o jornal…”. E a resposta foi imediata: “Claro, Davi! Um prazer para todos nós!”.

A partir de então, colaborei neste semanário com inúmeras crônicas e rápidas colunas. Passado o tempo, por volta de 2014, cessei minha participação em razão do tempo escasso. Mesmo assim, continuei a admirar a obra iniciada pelo “velho” Albertino Saraiva, meu trisavô.

Foram bons anos de uma convivência ímpar, norteada pela simplicidade e por especial amizade – tanto com tio Plínio quanto com o restante da redação, João da Rosa Rodrigues e Jaime Alfeu Kerber.

Entretanto, o que mais me motivou a escrever e a participar foi a figura de Plínio Saraiva. Tio Plínio era a elegância personificada – não somente no modo de se vestir (sempre impecável), mas também no fino trato com as pessoas que o rodeavam. Digo que foram anos maravilhosos justamente pelo fato de ter convivido de forma direta com esse “cara”, que, acreditando no sonho de seu pai, fez de “O Taquaryense” um de seus grandes amores. Era ávido por saber, por se atualizar e por manter-se ativo em seu ofício.

Nossa redação transpirava história, e nossa velha Marinoni, quando acionada, arrepiava! Aquele vaivém de folhas passando pela rotativa como que num bailado era, para todos nós, o oxigênio que mantinha nossa humilde porém gloriosa redação. E os velhos olhos azuis de tio Plínio brilhavam de felicidade. Foram tempos especiais!

Posso dizer, por fim, que fui um privilegiado em poder conviver com Plínio Saraiva. Aos 101 anos, no início de uma ensolarada tarde de segunda-feira, 9 de agosto, o “velho timoneiro” – como costumávamos chamá-lo – fechou os olhos para sempre.

Para mim, tio Plínio se eternizou em duas falas: “Eu não sou um jornalista; sou um jornaleiro” e “Deus seja louvado!”.

E Deus seja louvado sempre, querido tio Plínio!

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