Especial

O jovem idealista que marcou seu nome na história do jornalismo

Homenageado com uma herma de bronze erigida há 50 anos, Albertino Saraiva foi o pioneiro da imprensa taquariense

Homenageado com uma herma de bronze erigida há 50 anos, Albertino Saraiva foi o pioneiro da imprensa taquariense

Deputado Otávio Germano e prefeito João Carlos Voges Cunha descerraram o busto | Foto: Arquivo/”O Taquaryense”

O ano era 1967. O mês, julho. A família Saraiva se reunia no Amparo São José para celebrar o 80º aniversário de “O Taquaryense” e, com emoção, recebia do redator Luiz Noschang a notícia de que estava em curso um movimento para a construção de uma herma do jornalista Albertino Saraiva.

Em setembro daquele ano, já se constituía a comissão responsável pela homenagem ao fundador do semanário e pioneiro da imprensa local. João Maia Filho, mentor da ideia, era o presidente de honra; Luiz Noschang, o presidente; Euclides Vieira Teixeira, o vice-presidente; João Carlos Voges Cunha, o secretário-geral. Eles lideraram a campanha que viabilizou a concretização do projeto, tendo sido registrado um número expressivo de colaborações.

No dia 2 de abril de 1968, o marechal Arthur da Costa e Silva, acompanhado do governador Walter Peracchi de Barcelos, fazia sua primeira visita a Taquari como presidente da República e aproveitava para contribuir, doando NCr$ 100,00 para o erguimento do busto.

A inauguração aconteceria em 1969, na manhã de 3 de agosto, “quando uma pequena multidão se manteve suspensa, ouvindo comovida as expressivas e sinceras palavras do orador da solenidade, S. Exa. Dr. Adroaldo Mesquita da Costa”, como registrou Helena Santos da Silveira em “Sociais em Destaque”.

O local escolhido para a construção do monumento foi a Praça São José, onde às 11h, após missa celebrada na Igreja Matriz em intenção do homenageado, inaugurou-se a herma. Ao ato compareceram diversas autoridades, como o deputado Otávio Germano, presidente da Assembleia Legislativa, que descerrou o monumento ao lado do prefeito João Carlos Voges Cunha. Hélio Saraiva, neto de Albertino, falou em nome da família.

De São Jerônimo para Taquari

Nascido em 1º de julho de 1865, em São Jerônimo, Albertino Saraiva era filho de Adriano Saraiva da Fonseca e Rita de Souza Saraiva. Começou ainda cedo a luta pela vida, trabalhando na loja de fazenda do pai até descobrir seu pendor para as artes tipográficas.

Carlos Candal, ali instalado com uma tipografia, foi seu grande mestre. No estabelecimento de Candal, Saraiva iniciou a carreira de tipógrafo, vindo para Taquari em 1886, a fim de empregar-se na oficina de José Rodolpho Taborda.

Homem de imprensa, Taborda foi proprietário e redator de duas publicações que tiveram duração efêmera no município: “A Restauração”, fundada em 5 de outubro de 1886, e “Gazeta de Taquary”, criada precisamente 10 dias depois, em substituição à primeira.

De ambas, Albertino foi administrador até 25 de janeiro de 1887. Depois, Taborda acabou por transferir sua tipografia para a localidade de Encruzilhada, e Albertino passou a trabalhar com Tristão de Azevedo Vianna.

Em parceria com Vianna, lançou em 31 de julho de 1887, no verdor dos 22 anos, “O Taquaryense”, imprimindo-o no prelo alemão que pertencera à histórica revista “A Propaganda”, da qual fora colaborador Felix da Cunha.

Publicado de cinco em cinco dias, com assinaturas ao custo anual de 10$000 réis para Taquari e de 12$000 réis para fora, o jornal teve Albertino Saraiva como diretor desde a fundação; oficialmente, contudo, somente a partir de 1º de fevereiro de 1888. Um ano mais tarde, o nome de Albertino apareceu no cabeçalho não só como diretor da folha, mas também como seu proprietário.

Em 5 de fevereiro de 1889, Saraiva comunicou a novidade: “Com o presente número assumo a propriedade da empresa de ‘O Taquaryense’, cujo periódico tem estado, desde sua fundação, entregue à minha direção”.

Adquirido em 30 de janeiro daquele ano, o jornal mudou-se para a casa dos herdeiros de Tristão Gomes da Rosa, defronte à Praça São José, onde também passou a residir o novo proprietário da empresa. No escritório da publicação, foi montado um gabinete de leitura, no qual ficavam à disposição dos assinantes os mais importantes periódicos do Rio Grande do Sul e de outros Estados, como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina.

Àquela altura, “O Taquaryense” já circulava em Arroio Grande (Paverama), Conceição do Arroio (Osório), Cruz Alta, Dom Pedrito, Estrela, Margem (General Câmara), Palmeira das Missões, Passo Fundo, Pelotas, Porto Alegre, Quaraí, Santa Cruz do Sul, Santo Amaro, São Borja e Triunfo.

Sem se afastar das diretrizes traçadas quando fundou o jornal, Albertino seguiu conduzindo-o “pelo caminho reto da neutralidade partidária, sem prejuízo de apreciações sobre política geral”. Era, ao mesmo tempo, redator, tipógrafo, impressor e cobrador. Um jovem polivalente e infatigável no trabalho. Um idealista cuja obra permanece viva e pulsante. Um jornalista que marcou para sempre seu nome na história da imprensa e da terra que o adotou como filho, imortalizando-o no bronze.

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