Após ser abatido no sertão de Sergipe em 1938, Rei do Cangaço foi decapitado
A morte de Lampião, sua companheira, Maria Bonita, e outros nove cangaceiros completa 81 anos neste domingo, 28. Eles foram pegos de surpresa pela polícia alagoana quando estavam acampados em Poço Redondo, no sertão de Sergipe, em 1938. Após o ataque, no meio da caatinga, acabaram decapitados, ficando suas cabeças expostas, inicialmente, na outra margem do Rio São Francisco, em Piranhas (AL).
“O Taquaryense” registrou o fato. Em texto publicado em 20 de agosto daquele ano, Pontes de Moraes comentou o episódio. “Lampião, como todos os homens que vivem à margem dos tabus jurídicos, tinha a sua faceta simpática, sedutora. Era uma figura lendária”, escreveu.
Para o articulista, Lampião tinha duas personalidades. “A do bandido irreconciliável com os agentes da lei, representada pelos cabos e soldados de polícia que palmilhavam o sertão à sua procura para matar, e a do homem que enveredou pelo caminho do crime, vingando, sem desfalecimentos, o assassínio dos seus, porque pai, mãe e irmãos do famoso cangaceiro caíram sob golpes de sabre de uma polícia qualquer do norte.”
No final do texto, Pontes de Moraes refletia: “A cabeça de Virgulino Ferreira (nome de batismo de Lampião) embalsamada num museu qualquer não representa a solução definitiva do bandoleirismo. Se persistirmos no raciocínio oficial, a degola assumirá proporções gigantescas”.
E arrematava: “É preciso, antes de tudo, degolar a ignorância e a miséria. Ao invés de soldados com armas embaladas, vamos mandar para as caatingas professores com cartilhas e médicos com muito quinino. Senão, outros ‘lampiões’ virão…”.